novembro 02, 2006

Crianças?

Ah... santa crueldade a das crianças de hoje em dia...
Quem pensou que uma criança com aquela carinha de inocente poderia fazer uma coisa dessas? Ninguém.
Mas eu vi. Vi naqueles olhinhos negros, algo mais negro que o natural. Juro que aqueles olhinhos puxados não me enganaram, e aquele sorriso enigmático, eu sabia que não era comum, aqueles dentinhos que mais pareciam pontas de uma cerrinha, pequeninos e afiados. Quando sorria, parecia que algo sobrenatural acontecia, as bochechas se inflavam, vermelhas, com sardas. Enfiada em um vestidinho ordinário estampado, aos olhos de um pessoa normal poderia parecer muito bem com a perfeita inocencia, mas eu sei o que se esconde por baixo dequeles cabelos castanhos, espessos, lisos e sem brilho. Se esconde muito mais que uma massa cinzenta em fase de aprendizado. Se esconde algo muito mais perverso e cruel que a pior mente humana.

Ela era um demônio. Aquela capetinha, eu sabia que havia algo. Sabia. Vocês opdem não acreditar em mim, mas vou lhes dizer.... Auilo não era gente, não podia ser. Algo tinha que ser feito, e eu era a pessoa mais indicada para isso, mesmo com todas aquelas pessoas que me observam o tempo todo, eu tinha que despistá-las. Sei que sempre há algum deles, nos lugares mais improváveis. Mas eu dei um jeito, mais cedo ou mais tarde eles acabam se distraindo e é quando eu posso agir.

Então fui até lá. Ela pareceia uma simples criança, com um olhar amedrontado me encarava, tentava me provocar pena, coisa que eu não tenho. De ninguém. Eu não dispunha de todo o tempo do mundo, pois eles estavam chegando, além disso meu trabalho não era tão longo, podia ser feito rapidamente, a não ser que eu fosse uma pessoa extremamente azarada. Ainda bem que tudo deu certo, graças a minha astúcia. Agora tudo está andando na linha novamente. E sei que eles não sabem de nada. Pelo menos eu espero que seja assim, mas se ele soubessem, já teriam me eliminado, e como isso não aconteceu, estou a salvo.

Minha cela está cada vez mais apertada, parece diminuir. Ou sou eu que estou aumentando de tamanho? De qualquer forma... essas paredes parecem mais duras, antigamente os forros eram mais macios, acho que a espuma está gasta. Acho que afinal eles acabaram me capturando, de algum forma. Só há um porta nessa sala, branca, e com uma pequena janela de vidro reforçado. Tem alguém lá do outro lado.

Eu não quero ver quem é. Tenho certeza que esquela filha da mãe voltou pra me buscar e levar-me para a tortura mais cruel de todas as torturas que já foram inventadas, mas ela não vai conseguir. Eles me vigiam ao mesmo tempo que me protegem de tudo isso. As paredes são forradas, a porta é forte o bastante, estou perfeitamente segura. Ela nunca vai passar. Ela nunca...

Eu sonho com isso todo o tempo, quero que ela pare, mas é impossível, algo está estranho. Preciso acabar com isso, mas não deixam. Vivam a vida de vocês, mas tomem cuidado, não cruzem o caminho daquela coisa. Aquela que se parece com um anjinho de longe, mas de perto, se você olhar bem, vai sentir que algo muito ruim está ali dentro, algo invisível, mas que produz mais devastação que uma bomba atômica. eles não estão aí para cuidar de você, eles já estão ocupados o bastante comigo, e você está aí, sozinho, tome cuidado. Só isso que tenho a dizer e repetir: tome cuidado.

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