fevereiro 24, 2007

Numa Aula de Química

Numa monótona aula de química, eu deveria fazer um resumo sobre algo que provavelmente esqueceria em menos de duas horas. O dia era quente e abafado, lembro como se fosse hoje, o ar parecia denso e respirar se tornava uma tarefa cansativa. Todos estavam fazendo qualquer coisa, menos a tarefa dada pela professora, uma mosca voava em torno de uma latinha de refrigerante vazia, eu desenhava na última página de meu caderno. Mesmo sentada ao lado da janela, não podia ver lá fora, pois o vidro era fosco, então apenas via os vultos passarem, imaginando quem seria o aluno que estaria matando aula.

Então aconteceu.
O som do vidro se quebrando, todos olhando na minha direção. Não há tempo de eu olhar para trás, algo se enrola em torno de meu pescoço. Algo áspero, mas ao mesmo tempo pegajoso. Um cheiro fétido invade a sala de aula, algumas garotas começam a gritar. Ee apenas vejo as pessoas movimentarem as suas bocas e acho engraçado suas caras de pânico, eu riria, se pudesse. Meu pescoço fica cada vez mais apertado e não consigo respirar. A coisa, eu percebo que é uma garra, me puxa para mais perto da janela, os estilhaços de vidro cortam meu rosto e sinto o gosto do sangue que escorre em meus lábios. As barras de ferro entre a janela machucam minha cabeça, tento me debater, mas é inútil, eu já devia saber.

Nada mais poderia ser feito. Minha mente foi entrando em torpor, a visão, se perdendo, a escuridão tomou o lugar da dor, e depois disso?

Depois disso descobri que, na verdade, eu estava dentro de uma escotilha e que a minha tarefa era digitar, a cada 108 minutos, um certo código, e depois apertar "execute". Até que eu fosse substituida por outra pessoa.

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